No post de hoje abordarei algumas Músicas de Protesto , analisando um pouco de seu contexto, nos mais variados gêneros e perídios históricos. Declaro, portanto, inaugurada a minha coluna.
Bom Dia, Vietnã!
- Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones
Essa música foi composta
por Franco Migliacci( letra) e Mauro Lusini(música) e foi feita para
Gianni Morandi, cantor de música popular italiana e vencedor do Prêmio
Musical de Sanremo em 1966, em plena Guerra do Vietnã( que começou em
1955 e os EUA entraram em 1963). Foi traduzida pela banda Os Incríveis e depóis
gravada pela banda Engenheiros do Havaí para ser a segunda faixa do álbum O
Papa é Pop de 1990, a banda é composta por Humberto Gessinger (voz e baixo),
Augusto Licks (guitarra) e Carlos Maltz (bateria).
Logo no título da música o
compositor já fala que podia ser qualquer um, até mesmo ele('Era um garoto que
como eu'), há também outra analogia, o garoto era americano mas só cantava músicas
de bandas inglesas(Girava o mundo/
Sempre a cantar/As coisas
lindas/Da América.../Não era belo/Mas mesmo assim/Havia mil garotas
afim/Cantava Help/And Ticket To Ride/Oh Lady Jane, Yesterday...) simbolizando
que ir a guerras e matar seu próprio povo é uma característica dos
países imperialistas, incluindo Inglaterra e outros entre esses. Ao ser chamado
para ir a guerra, teve qua abandonar tudo o que mais amava, sua guitarra e as
músicas que cantava (Da sua guitarra,/ o separou/Fora chamado na América.../Stop!
Com Rolling Stones/Stop! Com Beatles songs/ Mandado foi ao Vietnã/Lutar
com vietcongs...)
No final da música há uma
forte crítica aos países que enviam sua população a guerra e o final da sua
tragédia iniciada com a convocação para a guerra (Nem toca a sua/Guitarra e
sim/Um instrumento/Que sempre dá/A mesma nota/Ra-tá-tá-tá... Ao seu
país/Não voltará/Pois está morto/No Vietnã.../Stop! Com Rolling Stones/Stop!
Com Beatles songs/No peito um coração não há/Mas duas medalhas sim....) Na
última estrofe há uma crítica a inutilidade de dar medalhas a pessoas que já
morreram enquanto ainda poderiam estar vivas se ficassem em sua terra. Em toda
a música, o som de metralhadoras é cantado, principalmente na metade e no fim
da música(Ratá-tá tá tá...Tatá-rá tá tá.)
- Imagine
Essa música composta por
John Lennon para o álbum Imagine lançado em 9 de setembro de 1971 e teve Lennon
no piano e voz, Klaus Voormann no baixo, Alan White na bateria e Flux Fiddlers
nas cordas. A música foi composta pouco depois da separação dos Beatles e
em um momento em que John e Paul McCartney estavam brigados com Lennon dizendo
para Paul que Imagine era Working Class Hero (composta por John em 1970)
açucarada para conservadores como McCartney. O co-produtor(junto com John e
Yoko) Phil Spector disse que Imagine era uma espécie de hino.
Logo no começo da música
há uma crítica as religiões, o que levou a Imagine ser proibida de ser tocada
em funerais mas muitas pessoas não entendem o significado, de não haver guerras
por religião(Imagine there's no heaven/It's easy if you try/No hell below
us/Above us only sky), depois há o trecho que foi fundamental
para que essa música se
tornasse o hino dos pacifistas(Imagine there's no countries/It isn't hard to
do/Nothing to kill or die for/And no religion too/Imagine all the people/Living
life in peace) e depois Lennon amplia o pacifismo que defende no começo da
música (imagine no possessions/I wonder if you can/No need for greed or
hunger/A brotherhood of man/Imagine all the people/Sharing all the world) e
finaliza a canção ao falar que as populações queram a paz e não a guerra e diz
esperar que um dia todos se juntem pelo ideal da paz entre os homens (You may
say,/I'm a dreamer/But I'm not the only one/I hope someday/You'll join us/And
the world will live as one).
Essa música foi
extremamente recebida, atingindo rapidamente o topo das paradas musicas
americanas e inglesas, sendo descrevida pela Rolling Stone como o maior
presente musical de Lennon para o mundo e se transformou em um verdadeiro hino
dos pacifistas. Foi regravada por diversos cantores e bandas, como Elton John,
Stevie Wonder e Neil Young.
- Roda Viva
Essa canção foi escrita
por Chico Buarque para a peça de teatro Roda Viva, escrita por Chico em 25
dias, tendo sua estreia no começo de 1968. É uma crítica direta a ditadura mas
de alguma forma inimaginável foi aprovada pela censura da ditadura mas por
causa dessa temática e também sobre outras canções criticando o governo
militar, membros do CCC(Comando de Caça a Comunistas) invadiram as estreias em
São Paulo e Porto Alegre, destruindo o cenário e agredindo os atores.
Foi gravada por Chico
junto com o conjunto MPB4, formado na época por Miltinho no violão, Ruy, Magro
e Aquiles na voz, Por essa gravação Chico ficou em terceiro lugar no III
Festival de Música Popular Brasileira, vencida por Edu Lobo e Capinam com a
música Ponteio.
Logo na primeira estrofe
Chico já mostra o assombro que a população sentia por uma mudança
súbita do governo para uma ditadura que sufocava a população na época
(a musica foi composta no começo de 1968 e o AI-5, que
suspendeu todas as liberdades constitucionais e dissolveu o congresso, foi
lançado no final desse ano) por meio de medidas repressivas (Tem dias que a
gente se sente/Como quem partiu ou morreu/A gente estancou de repente/Ou foi o
mundo então que cresceu...).
Na segunda estrofe ocorre
uma grande crítica direta a ditadura ao falar que ele leva embora todos os
planos e desejos do povo (A gente quer ter voz ativa/No nosso destino
mandar/Mas eis que chega a roda viva/E carrega o destino prá lá ...) e
analogias como essa se repetem pela maioria dos versos da música, em outro
trecho cheio de metáforas Buarque fala que as pessoas tentavam se rebelar e
lutar contra a ditadura mas acabavam desistindo por não conseguir aguentar as medidas
em resposta do governo, como ataques das forças armadas a manifestações e
prisões, e por isso sentiam que não haviam feito tanto quanto podiam e deviam(A
gente vai contra a corrente/Até não poder resistir/Na volta do barco é que
sente/O quanto deixou de cumprir).
Há no refrão um trecho
muito interessante, em que Chico afirma que todas aquelas mudanças foram
inesperadas e repentinas de modo que tudo passou rápido para ele, todas as
mudanças que lhe deram vontade de se opor aos militares(O tempo rodou num instante/Nas
voltas do meu coração...)
- Fortunate Son
Essa música foi escrita
por John Fogerty em 1969 em aproximadamente 20 minutos e foi lançada no álbum
Willy and the Poor Boys abrindo o lado B. A banda era formada por John Fogerty
(guitarra e voz), Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook(baixo) e Doug Clifford(bateria).
Essa música foi escrita
quando o neto de Eisenhower se casou com a filha de Nixon e eles pensaram que
pelos dois serem parentes de poderosos não iriam para a guerra, igualmente a
todos os parentes e amigos de poderosos, principalmente de Nixon. Muitas
pessoas interpretam essa música como um hino patriótico por não entenderam o
sarcasmo que faz com que essa música seja uma crítica a Guerra do Vietnã. Essa
foi uma das primeiras músicas a falar de que os ricos nunca vão as guerras,
deixando isso para os pobres.
A música começa falando
que alguns nascem para serem soldados e servirem ao exército
(Some folks are born to
wave the flag, /Ooh, they're red, white and blue.) mas logo
depois no refrão o narrador, que está lutando no Vietnã afirma que não é ele
porque ele não deu sorte, pois os que são nascidos para servirem no Exército
ficam em segurança nos EUA por serem filhos de senadores
(It ain't me, it ain't me,
I ain't no senator's son, son./It ain't me, it ain't me; I ain't no fortunate
one, no, ). Depois Forgerty continua com as metáforas, falando que os
ricos sonegam acreditando na impunidade por serem amigos de Nixon mas quando
vem que não há isso começam a fazer de tudo para se livrar dos problemas (Some
folks are born silver spoon in hand, /Lord, don't they help themselves,
oh./But when the taxman comes to the door, /Lord, the house looks like a
rummage sale, yes, ) e novamente no refrão o narrador reafirma que
não é ele, porque ele não é filho de um milionário.
Na última estrofe Forgerty
critica as pessoas que estão no poder que enviam os homens para a guerra e
sempre pedem mais enquanto na realidade eles deveriam ir lutar antes de
enviarem metade dos jovens americanos para irem lutar numa guerra que nem era
deles(Ooh, they send you down to war, Lord, /And when you ask them,
"How much should we give?" /Ooh, they only answer More! more!
more! yoh, ) e novamente no refrão o narrador afirma que não é ele
porque ele não é filho de militares.
E então recrutas, qual
música de protesto esquecemos de por na lista?
- Roberto Malta
Muito legal a ideia do post! Estou curiosa para ler mais dessa coluna! Para mim faltou Another Brick in the Wall, Pink Floyd.
ResponderExcluirMauko: analise a musica "a cançao do senhor da guerra" legiao urbana
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