Era o final de 1941, o mundo vivia há mais dois anos uma
guerra de escala planetária que consumia todo o esforço dos países
beligerantes. Na Europa os nazistas liderados por Adolf Hitler haviam anexado a
França e tentado conquistar a União Soviética, a Inglaterra estava cercada por
nazistas e lutando a Batalha da Inglaterra e do Atlântico e no outro lado do
mundo o Japão ampliava sua esfera de coprosperidade no leste asiático anexando
colônias de países europeus como Grã- Bretanha, França e Holanda, mas agora se
depara com territórios de uma potência militar e naval terrivelmente perto do
próprio Japão, os Estados Unidos.
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Ataque a Pearl Harbor fotografada por um avião japonês |
Desde a década de 20 tanto o Japão quanto os EUA estavam se
preparando para uma guerra um contra o outro pelo domínio do Pacífico, mas isso
só se passou a ser visto como uma real ameaça à paz a partir da década de 30
quando o Japão começou a se expandir para a China, inicialmente na Manchúria.
Em 1940 japoneses estavam se preparando para invadira Indochina
Francesa e os EUA iniciaram um embargo comercial de diversos itens ao Japão,
menos de petróleo, pois isso seria visto como praticamente uma declaração de
guerra visto a dependência japonesa do petróleo americano. No ano seguinte o
presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt (FDR) ordenou que a frota americana no pacífico, sediada em San
Diego na Califórnia, fosse para as Filipinas, tentando desencorajar os
japoneses de fazerem um ataque aos EUA ou a algum de seus territórios ultra marinhos.
Em julho os EUA fizeram um embargo de petróleo ao Japão,
pela concretização da invasão japonesa da Indochina Francesa e pelas restrições
de consumo doméstico de petróleo dentro
do país. Isso obrigou o Japão a encontrar novas áreas para obter seus suprimentos
de petróleo, optaram pelas Índias Orientais Holandesas (lugar rico em petróleo)
e para protegerem esse avanço planejaram um ataque à base naval americana de
Pearl Harbor.
O almirante Isoroku Yamamoto começou então a planejar o
ataque, baseado principalmente no ataque da marinha britânica a frota italiana
em Taranto. No dia 1 dezembro o Imperador Hihorito deu sua autorização e
começaram os preparativos para o ataque. As vésperas, coincidentemente, do
ataque japonês foi feita uma pesquisa na qual 52% dos americanos afirmaram
pensar que uma guerra entre Japão e EUA era iminente.
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Vice-Almirante Chuichi Nagumo |
O objetivo dos japoneses era fazer um ataque que destruísse
boa parte da frota do pacífico dos EUA, assim possibilitando que o Japão
pudesse conquistar as índias Orientais Holandesas e a Malásia sem interferência
americana , para que tivesse tempo de aumentar seu poderio naval e fortificar
suas defesas assim tento grande vantagem em um grande confronto com os EUA
posteriormente e por fim esse ataque visava aniquilar a moral americana, pela
destruição de seus principais navios e porta-aviões desencorajando americanos a
entrar em um confronto com o Japão pelo Pacífico e pelos territórios
controlados pelo Japão nesse oceano.
Os japoneses, aproveitando o efeito surpresa, as fortes chuvas, que nublaram o Havaí, e da
manutenção de um rigoroso silêncio no rádio para não serem detectados, estavam
a 250 milhas ao norte de Pearl Harbor com um total de seis porta-aviões, dois
couraçados, dois cruzadores pesados, um cruzador leve, nove destróieres, três submarinos e mais nove entre navios de apoio e
petroleiros, todos sob o comando do vice-almirante Chuichi Nagumo. Era o começo
da manhã de 7 de dezembro de 1941 e os 392 aviões japoneses estavam preparados
para o ataque.
Ás 7h49min da manhã do meio do nada uma chuva de fogo
atingiu o porto, Apesar dos radares os americanos são pegos totalmente de
surpresa com a chegada de 181 aviões japoneses que atacam e danificam ou
destroem os couraçados Utah, Arizona, Oklahoma e Califórnia. Duas horas depois
chegou à segunda onda de ataque dos aviões japoneses, composta por 180 aviões
que destruiu mais 11 navios menores.
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Couraçado USS Arizona durante o ataque japonês |
Após o retorno da segunda onda, diversos oficiais subordinados a Nagumo pediram por
uma terceira onda, visando destruir os navios que restavam e também os arsenais
e armazéns de gasolina em Pearl Harbor, algo que ele negou por diversos
motivos: a artilharia antiaérea americana tinha abatido muito mais aviões na
segunda do que na primeira, a incerteza de que os americanos tinham mais
aeroportos e aviões no Havaí, os aviões retornariam a noite o que levaria a um
alto risco de acidentes ( nessa época somente os britânicos tinham técnicas que
possibilitavam pousar os aviões nos porta-aviões a noite com risco reduzido de
acidentes), não tinha gasolina suficiente para se manter ao norte de Pearl
Harbor por muito mais tempo e por acreditar que a segunda onda havia
conseguido completar o objetivo do ataque de neutralizar a Frota do Pacífico.
A princípio essa decisão de Nagumo foi apoiada por Yamamoto,
mas posteriormente disse que Nagumo havia errado em não ordenar a saída da
terceira leva de aviões. O Almirante
Chester Nimitz, que dez dias depois do ataque assumiu o comando da Frota do
Pacífico, afirmou que caso o terceiro ataque ocorresse à guerra teria sido
atrasada em dois anos, também era senso comum no alto comando da marinha
americana que essa onda atrasaria as operações navais americanas em um ano.
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Almirante Chester Nimitz, futuro comandante da Frota do Pacífico |
Ao fim do ataque os japoneses ainda não tinham enviado uma
declaração de guerra aos EUA, mas não era essa a intenção do almirante Yamamoto
que planejava a entrega da declaração meia hora antes do inicio do ataque. O
ataque começou antes de a declaração ser impressa na embaixada japonesa em
Washington e assim o embaixador só pode entregá-la mais tarde, mas quando o fez
os americanos já haviam decodificado a mensagem sobre a declaração, que tinha
sido enviado de Tókio.
Mas este ataque não correu como esperado pelo alto comando
nipônico, pois três porta-aviões americanos estão longe da base e um quarto
estava em reparos na Califórnia. Além disso, o arsenal da Marinha americana e
os depósitos de combustível (equivalentes as reservas do Japão nesse momento).
Havia ainda cinco submarinos suicidas com o dever de afundar o resto da frota
na base, mas foram destruídos.
Os resultados imediatos são a humilhação completa dos EUA,
que tiveram três couraçados afundados, seis gravemente danificados, cinco
cruzadores postos fora de combate e 188 aviões destruídos ou danificadas,
contra 29 aviões japoneses abatidos. A frota nipônica retorna para a pátria sem
ser incomodada e se transforma na dona do Pacífico ocidental.
No dia 8 FDR fez o famoso discurso no Congresso do Dia da
Infâmia, para pedir a declaração formal de guerra ao Japão, que foi atendida
pelos congressistas menos de uma hora depois, o próprio Roosevelt estava
trocando cartas com Churchill a um bom tempo e queria um pretexto para entrar
na guerra ativamente, pois já estava mandando suprimentos para o Reino Unido e
suprindo os britânicos com navios, armas e munição através do programa de
empréstimo-arrendamento.
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Imperador Horohito assinando a rendição do Japão enfrente ao general americano Douglas McArthur |
No dia 11 Alemanha e Itália declararam guerra aos EUA que
respondeu declarando de volta no mesmo dia. O Reino Unido havia declarado
guerra ao Japão 9 horas dos EUA o fazerem, pelos ataques japoneses na Malásia,
Cingapura e Hong Kong e pela promessa do primeiro ministro Winston Churchill de
declarar guerra ao Japão assim que este atacasse os EUA.
Algumas horas depois do ataque a Pearl Harbor os japoneses
atacaram as Filipinas e 3 dias depois destruíram os navios britânicos Prince of
Wales e Repulse, principais navios da marinha britânica no Pacífico.
Os japoneses continuaram a se expandir pelo Pacífico até a
marinha americana entrar com todas as suas forças numa guerra de vingança pelo
ataque ao Havaí, nas Batalhas do Mar de Coral (de 4 a 8 de maio de 1942) e de
Midway ( de 4 a 7 de junho do mesmo ano) quando a guerra no pacífico entrou em
uma segunda fase, na qual os americanos avançam cada vez mais para perto do
Japão, concluindo essa guerra com a rendição do Japão em 2 de setembro de 1945.
- Roberto Malta
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